Comunicado à Agência Lusa
06 Dezembro 2019
É com crescente preocupação e apreensão que a Associaçao Portuguesa de Diagnostico Prenatal (APDPN) vê surgirem quase diariamente notícias em vários meios de comunicação social sobre alegados erros e negligência associados à realização de ecografias obstétricas.
Sem prejuízo do direito e dever de informar os cidadãos, a APDPN receia que, tal como estão a ser apresentadas as notícias sobre este tema, se esteja a gerar algum alarmismo na população que, em rigor e objetivamente, não se justifica.
De facto, a APDPN chama a atenção para os seguintes pontos:
- o nível técnico e competência dos profissionais médicos que realizam as ecografias obstétricas em Portugal é, em regra, muito bom e compara favoravelmente com o verificado nos demais países europeus e nos EUA
- qualquer erro médico só poderá ser estabelecido após uma análise criteriosa dos factos em sede própria (através de inspeção da Ordem dos Médicos e/ou decisão do tribunal), não devendo ser feito um julgamento precipitado na praça pública, sem que todos os dados sejam devida, objetiva e criteriosamente analisados por entidades independentes.
- tal como todos os exames médicos de rastreio e diagnóstico, também a ecografia tem limitações, pelo que nenhum exame pode garantir com 100% de certeza que um bebé não apresenta malformações. De facto, mesmo nas melhores mãos e nas melhores condições, a ecografia pré-natal não deteta mais de 60 a 70% das anomalias estruturais do feto, sendo esta percentagem inferior nalgumas situações que tornam difícil a observação completa do bebé (por exemplo, obesidade materna, fibromiomas uterinos, má posição fetal, entre outros)
A APDPN espera, pois, que possa ser rapidamente restabelecida uma discussão esclarecedora sobre o tema da qualidade dos cuidados pré-natais em Portugal e, desde já, se disponibiliza para colaborar e esclarecer as nossas grávidas e a população porque acreditamos que é formando e informando que diminuímos a iletracia na saúde e estimulamos a exigência responsável.
Recorda-se, por último, que Portugal é um dos países do mundo com menor taxa de mortalidade infantil, o que se deve em parte também à grande qualidade média dos cuidados pré-natais existentes.
Lisboa , 27 de Novembro de 2019
A Direção da APDPN
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